Qual a diferença entre Métodos Mistos e Triangulação?
Tenho visto que muitos acadêmicos que estão migrando para Pesquisa e UX falam em Triangulação, e eu sei que existe um outro grupo que está interessado em MÉTODOS MISTOS (nome mais atual de um tipo de pesquisa que inclui a Triangulação). Então, senta que lá vem a história.
Em 1959 já havia autores advogando o uso de mais de um método para obter resultados melhores. No início de 1980, autores da área de sociologia primeiro, seguidos do pessoal da área de administração de empresas, saúde e educação advogaram pela causa de misturar os métodos qualitativos e quantitativos. Mas foi no final da década de 80 e início da década de 90 que os problemas de pesquisa ficaram mais complicados. Foi essa a época do surgimento de dois conceitos importantes: a Economia de Experiência (Joseph Pine III) e do Marketing de Experiência (Bernd H. Schmitt, 1991).
Em 1991, Mose propõe a triangulação de resultados qualitativa e quantitativa. A triangulação de dados consiste em usar diferentes fontes de dados, sem usar métodos distintos. Neste caso, os dados são coletados em momentos, locais ou com pessoas diferentes.
Mais tarde, Tashakkori e Teddlie, 1998, fazem um longo artigo científico sobre Métodos Mistos, e em 2003 surgem livro e Journal chamando o Método e a área de Métodos Mistos.
O que está por trás dessa necessidade de unirmos os dois métodos de pesquisa não é só o amento da complexidade do comportamento de consumo. O que motivou a academia (primeiro), e depois os profissionais de pesquisa a advogarem a favor dessa união, é que nem o método quantitativo sozinho, nem o método qualitativo sozinho respondem as perguntas que a área de negócios têm e nem ajudam, isoladamente, a tomada de decisão.
Sabe-se há muito tempo, que pesquisas quantitativas têm lá seus problemas e vieses, muito bem documentados no livro de Deborah Stone – Counting: How we use numbers to decide what matters (2020). Neste livro ela faz reflexões sobre como os questionários e a escolha de palavras podem gerar interpretações erradas. Por outro lado, pesquisas qualitativas indicam um caminho, mas não dizem qual o tamanho de uma oportunidade, algo vital para a área de negócios.
Sendo assim, os Métodos Mistos, que unem desde o princípio os métodos qualitativos e quantitativos em um único estudo, são a forma mais adequada de valorizar Pesquisa!
Referências Bibliográficas
CRESWELL, John W.; CLARK, Vicki L. Plano. Pesquisa de Métodos Mistos-: Série Métodos de Pesquisa. Penso Editora, 2015.
LADNER, Sam. Mixed methods: A short guide to applied mixed methods research. (No Title), 2019.