Problemas ao Gerenciar Produtos
Creio que o título: problemas em produtos chamou sua atenção. Se você é PM, PO, ou se é do time de UX vai entender que os problemas são inúmeros, formando uma longa lista que eu certamente não vou conseguir discutir num único artigo. Por isso, o foco dessa primeira discussão será o top down que deixa tantos de nós desanimados com a bagunça em direcionar produtos.
De onde vem e como se alimenta o top down? Existem muitas causas, mas se eu tiver que resumir em algo será: ego. Isso mesmo, ego. O ego do qual falo se desdobra em duas grandes dimensões: 1) a certeza de que a pessoa sabe o que quer, o que deve ser feito, ainda que não tenha nada além do tal gut feeling – intuição – anos de experiência e 2) desprezo pelo uso de métodos que são conhecidos de todos, uso de processos que comprovadamente diminuem riscos, mas que essa pessoa insiste em deixar de lado por puro ego.
O primeiro desses aspectos é amparado pelo mito de que quem tem a ideia, principalmente se for empreendedor, é um gênio e que deixar de fazer o que ele / ela pede é correr o risco de ser visto como uma pessoa não-visionária. Esse mito ampara o ego, e permite ignorar todos os alertas sobre: a necessidade de conhecer a competitividade do mercado via Desk Research, saber se a oportunidade é real ou imaginária via Pesquisa Qualitativa, e depois usar as informações para verificar se a oportunidade é rentável, tem baixo custo de desenvolvimento, entre outras coisas.
O segundo aspecto é muito comum dentro de empresas cuja base está em tecnologia, ou em empresas que estão muito pressionadas pela competição. No primeiro caso, o foco de tecnologia é não ter bugs, ser eficiente e eficazes no que compete a TI, esquecendo que todos os métodos sugeridos contribuem para minimizar o risco, porque consideram o cliente ou usuário, ou qualquer outro nome que você queira para denominar quem minimamente considera seu produto. No segundo caso, o problema reside na pressa e na crença de que só o Lean salva, na crença de que ainda é possível ter tempo de errar e corrigir. E é obvio que não salva, porque fica caro e fora do ritmo dos competidores. Óbvio que o ego está no meio da ordem dada. A pessoa não fez a lição de casa, não confrontou a solução com nada, mas acha que a saída é válida e pronto.
Tanto num caso como no outro, precisa dizer que as chances de dar errado são enormes? Há diversos autores que mostram que as consequências nefastas dessa forma de fazer e pensar em produtos (veja as sugestões de leitura). Este serão produtos que nascerão com alto custo para a empresa, para quem trabalha em parir o produto a fórceps e, ao longo do tempo, para o próprio autor dessa “feature mara, ideia genial e não sei mais o que.”
Eu vejo o desânimo dos profissionais de UX ao tentar alertar que os sinais indicam outra direção a tomar, do pessoal de programação, sempre tão pressionados! É de dar dó. Mas a questão que fica para mim é relacionada o novo momento de mercado e mundo que vivemos.
Em tempos bicudos, de escassez de dinheiro na mão de quem compra, gastar muito para obter poucos resultados financeiros é preocupante. Como boa pessoa de negócios, sempre penso no quanto a empresa está perdendo em termos financeiros, de reputação de marca e tem market share. Acho que está na hora de acordar!
Bibliografia recomendada:
LEVITT, D. The Lean Startup” Is Outdated. Drop Everything That Comes From It. Acesso em 02 de Junho de 2023: https://rbefored.com/the-lean-startup-is-outdated-drop-everything-that-comes-from-it-9bebdd328bfd
REIS, Eric. The lean startup. New York: Crown Business, v. 27, p. 2016-2020, 2011.
SCHULTZ, Randall L. The role of ego in product failure. University of Iowa, 2001.
Tag:lean startup, PM, Product Management, produtos